Enquanto a Globo veta beijo gay em novela, no México já teve cena quente e até casamento entre duas mulheres celebrado na telinha.
A telenovela Las Aparicio foi ao ar em 2010 e tem uma trama bem feminina, quase feminista. Conta a história de uma família apenas de mulheres, as que se casam ficam viuvas e só tem filhas. É a narrativa da vida de três irmãs. Uma decide virar executiva do dia pra noite ao assumir o lugar do recém-falecido marido numa empresa com um ambiente absurdamente machista. Outra aparentemente agencia garotos de programa e trata homens como objeto. Bem, a terceira irmã chama-se Julia, que a princípio não pensa em casar, namora um babaca e tem uma melhor amiga lésbica, Mariana.
Logo no primeiro capitulo as duas se embebedam de leve se beijam. Mariana volta com a namorada enquanto Julia fica cada vez mais fascinada pela amiga e cria uma crise com o namorado. Pelo que entendi rola um triângulo amoroso bem confuso e doloroso para as duas, mas parece que dá tudo certo mesmo e as meninas casam.
Achei um blog que, aparentemente tem todos os capítulos da novela CLIQUE AQUI.
A cena do casamento das duas está logo abaixo:
terça-feira, 3 de maio de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Ninguém vai me ofender - por Vange Leonel
Tomei conhecimento de quem é Vange Leonel em meados de 1992 graças a música Noite Preta, que foi abertura da novela Vamp. Essa música marcou época na minha infância.
Morava em um sítio em Jambeiro, interior de SP, e quando não estava brincando com meu primo de comandos em ação, de playmobil, de descer o morrinho de skate ou deslizar no morrão com folhas de bananeira eu gostava de brincar com as meninas da família (minha irmã e minha prima). Às vezes me entretia brincando de boneca com elas, mas preferia quando colocavam os discos de vinil pra tocar. E por incrível que pareça, no meio de tantos discos da Xuxa, amávamos a trilha sonora da Vamp, principalmente por causa de Noite Preta. Lembro de ter visto a Vange cantando algumas vezes na TV, achava ela estranha, diferente, mas gostava.
Uns oito anos depois, no epicentro do furação da minha descoberta gay, dei de cara com uma foto da Vange na internet, a reconheci imediatamente, e descobri do que se tratava ao ler o texto dela: Lésbica assumidíssima e ativista feminista. Cai de amores!
Sempre que podia (e lembrava) acompanhava os textos dela. Aquelas palavras me ajudavam a ter uma visão menos melancólica e egocêntrica dos conflitos internos e familiares pelos quais eu passava. Eu me sentia mais forte por saber que havia alguém com aquela postura escrevendo e falando na mídia (mesmo que restrita). Ano passado fui vê-la num debate do Lady Fest. Paguei de tiete e até tirei foto.
E hoje vou postar um texto que acabei de ler e deu vontade de tatua-lo no corpo, consagrando essa admiração que tenho pela Vange:
Ninguém vai me ofender
[por Vange Leonel]
publicado da Revista da Folha da FSP em 2004
Sim, sou tríbade, sáfica, lésbia, lesbiana, entendida, invertida, transviada, sapatão, sapa, sapata, francha, bolacha, fanchona, paraíba masculina, mulher-macho, gay, sim senhor, machuda, macha, dyke, como dizem as americanas, ou como as mexicanas, tortillera, do tupinambá çacoãimbeguira, do latim virago e, brasileiramente falando, roçadeira, saboeira, moquetona, madrinha, pacona, do aló, do babado ou, se preferirem algo mais erudito, ginófila, andrógina, homófila, fricatrix e homossexual.
Podem me chamar de tudo isso, eu não me importo. Se me chamam de lésbica ou safista, sinto orgulho e me envaideço: a origem dos termos é nobre. Safo, a grega, foi a maior poeta lírica da antiguidade, cultuada por Platão e Ovídio e sucesso no Mediterrâneo cinco séculos antes de Cristo. Por acaso, fazia sexo com mulheres, vivia na ilha de Lesbos e, para tocar sua lira e manter as unhas curtas, inventou a palheta, a mesma que roqueiros usam para fazer gemer suas guitarras. Bons dedos e boa lábia. Por que me ofender se me chamam lésbica?
Sou entendida sim, mais em certos assuntos que em outros, por isso talvez ginófila seja apropriado, afinal, amo e admiro mulheres em geral, mesmo sendo apaixonada por apenas uma, em particular. Sapatona, adoro usar coturnos, botas e toda sorte de calçados rudes para sair às ruas, domínio tradicional do macho, terreno muito acidentado para saltos altos.
Masculina, sim, também, às vezes, quase sempre e sempre que quero. Freud falou, Jung disse, o ministro da cultura cantou e lendas e folclores antigos apontam para a origem andrógina do ser humano. Além disso, até a nona semana de gestação, fetos de ambos os sexos parecem idênticos. Se biologicamente herdamos um potencial andrógino, o casamento alquímico entre homem e mulher dentro de nós é meta para a saúde psicológica. Assim, ser chamada de machona é elogio para quem trafega livremente entre os gêneros masculino e feminino, social e historicamente cindidos.
Resumindo: ninguém conseguirá me ofender me chamando por nomes que significam apenas o meu amor por outra mulher.
Morava em um sítio em Jambeiro, interior de SP, e quando não estava brincando com meu primo de comandos em ação, de playmobil, de descer o morrinho de skate ou deslizar no morrão com folhas de bananeira eu gostava de brincar com as meninas da família (minha irmã e minha prima). Às vezes me entretia brincando de boneca com elas, mas preferia quando colocavam os discos de vinil pra tocar. E por incrível que pareça, no meio de tantos discos da Xuxa, amávamos a trilha sonora da Vamp, principalmente por causa de Noite Preta. Lembro de ter visto a Vange cantando algumas vezes na TV, achava ela estranha, diferente, mas gostava.
Uns oito anos depois, no epicentro do furação da minha descoberta gay, dei de cara com uma foto da Vange na internet, a reconheci imediatamente, e descobri do que se tratava ao ler o texto dela: Lésbica assumidíssima e ativista feminista. Cai de amores!
Sempre que podia (e lembrava) acompanhava os textos dela. Aquelas palavras me ajudavam a ter uma visão menos melancólica e egocêntrica dos conflitos internos e familiares pelos quais eu passava. Eu me sentia mais forte por saber que havia alguém com aquela postura escrevendo e falando na mídia (mesmo que restrita). Ano passado fui vê-la num debate do Lady Fest. Paguei de tiete e até tirei foto.
E hoje vou postar um texto que acabei de ler e deu vontade de tatua-lo no corpo, consagrando essa admiração que tenho pela Vange:
Ninguém vai me ofender
[por Vange Leonel]
publicado da Revista da Folha da FSP em 2004
Sim, sou tríbade, sáfica, lésbia, lesbiana, entendida, invertida, transviada, sapatão, sapa, sapata, francha, bolacha, fanchona, paraíba masculina, mulher-macho, gay, sim senhor, machuda, macha, dyke, como dizem as americanas, ou como as mexicanas, tortillera, do tupinambá çacoãimbeguira, do latim virago e, brasileiramente falando, roçadeira, saboeira, moquetona, madrinha, pacona, do aló, do babado ou, se preferirem algo mais erudito, ginófila, andrógina, homófila, fricatrix e homossexual.
Podem me chamar de tudo isso, eu não me importo. Se me chamam de lésbica ou safista, sinto orgulho e me envaideço: a origem dos termos é nobre. Safo, a grega, foi a maior poeta lírica da antiguidade, cultuada por Platão e Ovídio e sucesso no Mediterrâneo cinco séculos antes de Cristo. Por acaso, fazia sexo com mulheres, vivia na ilha de Lesbos e, para tocar sua lira e manter as unhas curtas, inventou a palheta, a mesma que roqueiros usam para fazer gemer suas guitarras. Bons dedos e boa lábia. Por que me ofender se me chamam lésbica?
Sou entendida sim, mais em certos assuntos que em outros, por isso talvez ginófila seja apropriado, afinal, amo e admiro mulheres em geral, mesmo sendo apaixonada por apenas uma, em particular. Sapatona, adoro usar coturnos, botas e toda sorte de calçados rudes para sair às ruas, domínio tradicional do macho, terreno muito acidentado para saltos altos.
Masculina, sim, também, às vezes, quase sempre e sempre que quero. Freud falou, Jung disse, o ministro da cultura cantou e lendas e folclores antigos apontam para a origem andrógina do ser humano. Além disso, até a nona semana de gestação, fetos de ambos os sexos parecem idênticos. Se biologicamente herdamos um potencial andrógino, o casamento alquímico entre homem e mulher dentro de nós é meta para a saúde psicológica. Assim, ser chamada de machona é elogio para quem trafega livremente entre os gêneros masculino e feminino, social e historicamente cindidos.
Resumindo: ninguém conseguirá me ofender me chamando por nomes que significam apenas o meu amor por outra mulher.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Famosos no armário
Esse post é pra registrar aqui no blog duas frases que nos identificamos:
"Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha." LUIS FERNANDO VERÍSSIMO
"Acredito nas pessoas livres... E parece, existe uma gente que conquistou a sua liberdade e tem coragem para mostrar-se. Revelar segredos. Melhor ainda, fofocar sobre si mesma. Esse mundo, o das pessoas que não têm medo de ser, é real e pertence a qualquer um que o queira. É só estender o braço e a felicidade de não fingir está bem ali.
Somos a nova família, lutamos para sermos amados assim: loucos, estranhos, lindos e até mesmo chatos. Porque em meio aos que falseiam, somos os que querem simplesmente amar. E amar, bom... Amar é chique!" FERNANDA YOUNG
A frase do Verríssimo é clarissima, já a da Fernanda Young é mais pessoal, porém, todo mundo sabe (se não sabe fique sabendo) que a Sra. Young tem um pézinho lá, ou melhor, um pézinho cá no nosso mundo gay.
Andei pensando numa lista de famosos "no armáro" ou que estão na "zona suspeita": Gianecchini, Zéca Camargo, Richarlyson, Cristiano Ronaldo, Araci Balabanian (SAPATÍSSIMA!), a filha da Vera Ficher, Letícia Spiller (certeza que ela já pegou mulher). E o Roberto Justos que freqüentava casa de swing quando era casado com a Eliana! Acreditem! Minha fonte de informação é segura. Não estou dizendo que casa de swing é coisa de gay, mas que é uma "zona suspeita" é!
Conheço uns artista menos famosos que morro de vontade de jogar o nome aqui na net revelando. Tem um cara que faz várias campanhas publicitárias, Nova Schin, Ruffles, Folha de SP, Ford, todo mundo já viu o rosto dele. Ninguém imagina quando vê ele atuando, mas, é uma bicha fofa e linda!
Também conheço uma atriz de teatro que eu já achava talentozíssima, quando descobri que é casada com outra mulher, me tornei fã incondicional! E sei que a Lika também achou ela incrível quando fomos assisti-la atuando. Aliás, segundo a Lika, sapatão adora teatro, e realmente todas as peças que fui tinha lésbicas na platéia. #ficadicaprassolteiras
E já que estou falando de teatro, Betina Botox:
"Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha." LUIS FERNANDO VERÍSSIMO
"Acredito nas pessoas livres... E parece, existe uma gente que conquistou a sua liberdade e tem coragem para mostrar-se. Revelar segredos. Melhor ainda, fofocar sobre si mesma. Esse mundo, o das pessoas que não têm medo de ser, é real e pertence a qualquer um que o queira. É só estender o braço e a felicidade de não fingir está bem ali.
Somos a nova família, lutamos para sermos amados assim: loucos, estranhos, lindos e até mesmo chatos. Porque em meio aos que falseiam, somos os que querem simplesmente amar. E amar, bom... Amar é chique!" FERNANDA YOUNG
A frase do Verríssimo é clarissima, já a da Fernanda Young é mais pessoal, porém, todo mundo sabe (se não sabe fique sabendo) que a Sra. Young tem um pézinho lá, ou melhor, um pézinho cá no nosso mundo gay.
Andei pensando numa lista de famosos "no armáro" ou que estão na "zona suspeita": Gianecchini, Zéca Camargo, Richarlyson, Cristiano Ronaldo, Araci Balabanian (SAPATÍSSIMA!), a filha da Vera Ficher, Letícia Spiller (certeza que ela já pegou mulher). E o Roberto Justos que freqüentava casa de swing quando era casado com a Eliana! Acreditem! Minha fonte de informação é segura. Não estou dizendo que casa de swing é coisa de gay, mas que é uma "zona suspeita" é!
Conheço uns artista menos famosos que morro de vontade de jogar o nome aqui na net revelando. Tem um cara que faz várias campanhas publicitárias, Nova Schin, Ruffles, Folha de SP, Ford, todo mundo já viu o rosto dele. Ninguém imagina quando vê ele atuando, mas, é uma bicha fofa e linda!
Também conheço uma atriz de teatro que eu já achava talentozíssima, quando descobri que é casada com outra mulher, me tornei fã incondicional! E sei que a Lika também achou ela incrível quando fomos assisti-la atuando. Aliás, segundo a Lika, sapatão adora teatro, e realmente todas as peças que fui tinha lésbicas na platéia. #ficadicaprassolteiras
E já que estou falando de teatro, Betina Botox:
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Tv e homofobia
No post anterior eu citei filmes que são uma bênção para a causa LGBT, hoje, infelizmente terei que comentar sobre mais um caso péssimo que aconteceu na TV.
Pra começar, não concordo com alguns quadros humorísticos que usam o estereótipo dos gays espalhados por ai. Não concordo e não assisto, portanto não vou citar nomes, mas recomendo tenhamos um olhar mais crítico em relação a isso.
Pois bem, vamos ao caso de hoje.
Todo mundo conhece bem o teor do programa apresentador por José Luiz Datena (se você não sabe do que se trata é uma pessoa de sorte).
A Defensoria Pública de São Paulo fez uma denúncia contra Datena por causa de seus comentários sobre uma briga envolvendo um travesti, exibida em reportagem de seu programa no dia 30 de abril.
Na confusão, o transexual empurrou o câmera da emissora e Datena disse frases como "Isso é um travecão safado" e "travecão botinudo do caramba".
Todo programa de jornalismo deve seguir a orientação da ética e se você tem o mínimo de consciência sobre comunicação social, já percebeu que programas que abusam do sensacionalismo para obter audiência vivem derrapando neste quesito. O cretino do Datena pode até não "sofrer" de homofobia (pra mim homofobia é uma patologia social), mas não pode ignorar que seu jornalismo influência seu público, que no geral são pessoas não instruídas a ter olhar crítico sobre o que assistem, resumindo: "povão".
Pois é, e é justamente no "povão" que reside a homofobia mais violenta. Sabe aquele "povão" que idolatrou o ignorante, misógino e homofóbico Marcelo Dourado durante o BBB? Que achou lindo quando ele falou que se não estivesse no programa mandaria a Angélica Morango sangrando pro hospital? Que falou que ia perder todos os amigos, trabalho e moral quando o apresentador Bial brincou que Dicésar estava apaixonado por ele?
Como acabar com essa (falta de)mentalidade do brasileiro, se a tv insiste em manter pessoas desse nível de ignorância no ar?
Francamente Brasil! É revoltante!
Pra começar, não concordo com alguns quadros humorísticos que usam o estereótipo dos gays espalhados por ai. Não concordo e não assisto, portanto não vou citar nomes, mas recomendo tenhamos um olhar mais crítico em relação a isso.
Pois bem, vamos ao caso de hoje.
Todo mundo conhece bem o teor do programa apresentador por José Luiz Datena (se você não sabe do que se trata é uma pessoa de sorte).
A Defensoria Pública de São Paulo fez uma denúncia contra Datena por causa de seus comentários sobre uma briga envolvendo um travesti, exibida em reportagem de seu programa no dia 30 de abril.
Na confusão, o transexual empurrou o câmera da emissora e Datena disse frases como "Isso é um travecão safado" e "travecão botinudo do caramba".
Todo programa de jornalismo deve seguir a orientação da ética e se você tem o mínimo de consciência sobre comunicação social, já percebeu que programas que abusam do sensacionalismo para obter audiência vivem derrapando neste quesito. O cretino do Datena pode até não "sofrer" de homofobia (pra mim homofobia é uma patologia social), mas não pode ignorar que seu jornalismo influência seu público, que no geral são pessoas não instruídas a ter olhar crítico sobre o que assistem, resumindo: "povão".
Pois é, e é justamente no "povão" que reside a homofobia mais violenta. Sabe aquele "povão" que idolatrou o ignorante, misógino e homofóbico Marcelo Dourado durante o BBB? Que achou lindo quando ele falou que se não estivesse no programa mandaria a Angélica Morango sangrando pro hospital? Que falou que ia perder todos os amigos, trabalho e moral quando o apresentador Bial brincou que Dicésar estava apaixonado por ele?
Como acabar com essa (falta de)mentalidade do brasileiro, se a tv insiste em manter pessoas desse nível de ignorância no ar?
Francamente Brasil! É revoltante!
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Saia do Armário!
Nesse fim de semana finalmente assisti o filme Milk - A Voz da Igualdade, que aliás, deveria ser obrigatório para todos os gays e lésbicas. Muito do que temos de respeito e direitos nos dias de hoje é graças a luta iniciada por ele na década de 70. O sentimento ao final do filme foi: eu amo Harvey Milk.
Considero o cinema uma ferramenta muito importante para a causa LGBT. Infelizmente alguns filmes e programas de tv abusam do estereótipo homossexual, colaborando com piadas homofóbicas entre o público, mas vale a pena citar alguns filmes que falam sobre amor gay da maneira a adequada: I Can't Think Straight, Desejo Proibido, Imagine Me&You, A Verdade Sobre Jane, Nunca Fui Santa... os filmes Milk e Boys Don't Cry contam histórias verídicas de assassinato e homofobia nos Estados Unidos, e especialmente Milk e I Can't Think Straight cobram que as pessoas "saiam do armário".
Eu concordo e reforço que os gays devem "sair do armário" o quanto antes, pois é passeando de mãos dadas no supermercado, abrindo o jogo no trabalho, na família, na escola e até em papo de elevador que mostramos às pessoas que não somos uma aberração, que temos uma vida normal, que temos nossa fé, e mostramos também que o problema não está em nós, e sim na sociedade em geral que pensa tanto em sexo. O mundo precisa entender que antes de descobrir que somos homossexuais descobrimos que somos homoafetivos, não somos gays apenas por causa do sexo, e sim porque sentimos amor por alguém igual a nós.
A Lika e eu moramos juntas desde março de 2010, somos um casal assumido desde que nos conhecemos, em 2008, mas nem sempre foi fácil falar e demonstrar nossa orientação. Aos 15 anos vivi um inferno quando minha mãe descobriu que eu estava apaixonada por uma garota, tentei namorar uns caras pra amenizar o clima com ela, mas chegou uma hora que ficou impossível negar o que eu sentia, então decidi ficar somente com meninas. Aos poucos minha mãe foi aceitando minhas namoradas, principalmente por perceber que eu não gostava de farra, sempre busquei namoros estáveis.
Muitas pessoas relacionam o mundo gay à promiscuidade e acredito que fui responsável por mudar esse preconceito na minha mãe. Hoje a minha família não apenas aceita, mas respeita e admira o meu relacionamento. A minha avó materna, por exemplo, adora a Lika e refere-se a ela sem problema algum como "namorada da Carina". Infelizmente não tenho a mesma liberdade com minha avó paterna. Ela sabe que sou lésbica mas nunca conversamos sobre o assunto. Dia desses ela soltou uma frase que me embrulhou o estômago: "Não gosto de ler a Folha de São Paulo porque dá pra perceber a maldade dos homossexuais que nela escrevem." Mas deixa pra lá, preferi não bater de frente com o preconceito tão arraigado de uma senhora com mais de 70 anos.
Tenho convicção de que a melhor forma de lutar contra a homofobia é assumindo o que somos para todo o mundo. Devemos expor nossa homoafetividade sem medo e falar sobre isso de forma natural, pois é através da convivência com o mundo gay que a sociedade aprenderá a nos respeitar. Por isso eu convido as pessoas que lerem este post a "fazerem o outing" (como diz Betina Botox do Terça Insana) e aos já assumidos, que incentivem os amigos a sair do armário.
Considero o cinema uma ferramenta muito importante para a causa LGBT. Infelizmente alguns filmes e programas de tv abusam do estereótipo homossexual, colaborando com piadas homofóbicas entre o público, mas vale a pena citar alguns filmes que falam sobre amor gay da maneira a adequada: I Can't Think Straight, Desejo Proibido, Imagine Me&You, A Verdade Sobre Jane, Nunca Fui Santa... os filmes Milk e Boys Don't Cry contam histórias verídicas de assassinato e homofobia nos Estados Unidos, e especialmente Milk e I Can't Think Straight cobram que as pessoas "saiam do armário".
Eu concordo e reforço que os gays devem "sair do armário" o quanto antes, pois é passeando de mãos dadas no supermercado, abrindo o jogo no trabalho, na família, na escola e até em papo de elevador que mostramos às pessoas que não somos uma aberração, que temos uma vida normal, que temos nossa fé, e mostramos também que o problema não está em nós, e sim na sociedade em geral que pensa tanto em sexo. O mundo precisa entender que antes de descobrir que somos homossexuais descobrimos que somos homoafetivos, não somos gays apenas por causa do sexo, e sim porque sentimos amor por alguém igual a nós.
A Lika e eu moramos juntas desde março de 2010, somos um casal assumido desde que nos conhecemos, em 2008, mas nem sempre foi fácil falar e demonstrar nossa orientação. Aos 15 anos vivi um inferno quando minha mãe descobriu que eu estava apaixonada por uma garota, tentei namorar uns caras pra amenizar o clima com ela, mas chegou uma hora que ficou impossível negar o que eu sentia, então decidi ficar somente com meninas. Aos poucos minha mãe foi aceitando minhas namoradas, principalmente por perceber que eu não gostava de farra, sempre busquei namoros estáveis.
Muitas pessoas relacionam o mundo gay à promiscuidade e acredito que fui responsável por mudar esse preconceito na minha mãe. Hoje a minha família não apenas aceita, mas respeita e admira o meu relacionamento. A minha avó materna, por exemplo, adora a Lika e refere-se a ela sem problema algum como "namorada da Carina". Infelizmente não tenho a mesma liberdade com minha avó paterna. Ela sabe que sou lésbica mas nunca conversamos sobre o assunto. Dia desses ela soltou uma frase que me embrulhou o estômago: "Não gosto de ler a Folha de São Paulo porque dá pra perceber a maldade dos homossexuais que nela escrevem." Mas deixa pra lá, preferi não bater de frente com o preconceito tão arraigado de uma senhora com mais de 70 anos.
Tenho convicção de que a melhor forma de lutar contra a homofobia é assumindo o que somos para todo o mundo. Devemos expor nossa homoafetividade sem medo e falar sobre isso de forma natural, pois é através da convivência com o mundo gay que a sociedade aprenderá a nos respeitar. Por isso eu convido as pessoas que lerem este post a "fazerem o outing" (como diz Betina Botox do Terça Insana) e aos já assumidos, que incentivem os amigos a sair do armário.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Política, religião e futebol.
Não é preciso ficar muito tempo na frente da tv pra perceber como em ano de copa do mundo a publicidade é bombardeada pelo assunto futebol. Nem precisa ser um telespectador, basta abrir um jornal Metro, ou uma revista Veja que logo esfregam na nossa cara o verde e amarelo, bandeiras, cornetas, bolas e todos os bla bla blas possíveis.
Eu adoro futebol e adoro toda essa criatividade publicitária. Mas não acham que já passou da hora de mudar o ano eleitoral do Brasil? Justo o Brasil que tem um povo obcecado por futebol vai ter eleição no mesmo ano de copa do mundo! Realmente acho que está na hora de tirarmos essa carapuça da política do "Pão e Circo" que nos aliena desde a antiga Roma.
E por falar em política, hoje, 17 de maio, é o Dia Internacional do Combate à Homofobia. O nosso (in)digníssimo vice-presidente assinaria o decreto do Dia NACIONAL do Combate à Homofobia e simplesmente não o fez, não deu explicações e deixou o movimento gay brasileiro a ver navios, paus, pedras, ofensas e outros tipos de agressões. Uma coincidência muito desagradável faz essa atitude do vice-presidente José de Alencar cheirar ainda mais desagradável: ele é evangélico e faz parte do Partido Republicano Brasileiro, do qual vários bispos evangélicos são filiados, aqueles mesmos que insistem em falar absurdos a nosso respeito no Senado, na Câmara, tentando impor seus dogmas religiosos à legislação de um país laico.Tenho experimentado o desagradável sentimento da vergonha quando acompanho algumas notícias: vergonha de ser brasileira.
Mas tenho outros motivos que me fazem sentir orgulho: orgulho de ser mulher, orgulho de ser homossexual, orgulho da minha família, que aceita e admira o meu relacionamento gay, e já que eu estava falando de futebol, orgulho de ser palmeirense.
Eu e a Lika compartilhamos esse amor pelo Palmeiras. Vez ou outra brincamos que o São Paulo tem fama de time de gays e o Palmeiras terá fama de time de sapatão por nossa culpa, pois sempre saímos por ai de mãos dadas vestindo nossas jaquetas e camisas do Palmeiras. Infelizmente nosso Verdão está numa péssima fase, jogando um futibolzin de vársea, mas pra mim ser Palmeirense é como ser lésbica, eu sei que posso sofrer com isso em algum momento, mas poucas coisas me dão mais prazer do que torcer pelo Palmeiras e ser lésbica.
Acho que o essencial é exatamente isso, seguir os caminhos que nos faça sentir bem, que nos faça sentir o sangue correndo nas veias, que faça o coração bater mais forte sem controle. Pena que algumas pessoas e instituições sintam-se bem tentando acabar com a liberdade e felicidade alheia simplesmente por não entender uma forma diferente de amar.
Eu adoro futebol e adoro toda essa criatividade publicitária. Mas não acham que já passou da hora de mudar o ano eleitoral do Brasil? Justo o Brasil que tem um povo obcecado por futebol vai ter eleição no mesmo ano de copa do mundo! Realmente acho que está na hora de tirarmos essa carapuça da política do "Pão e Circo" que nos aliena desde a antiga Roma.
E por falar em política, hoje, 17 de maio, é o Dia Internacional do Combate à Homofobia. O nosso (in)digníssimo vice-presidente assinaria o decreto do Dia NACIONAL do Combate à Homofobia e simplesmente não o fez, não deu explicações e deixou o movimento gay brasileiro a ver navios, paus, pedras, ofensas e outros tipos de agressões. Uma coincidência muito desagradável faz essa atitude do vice-presidente José de Alencar cheirar ainda mais desagradável: ele é evangélico e faz parte do Partido Republicano Brasileiro, do qual vários bispos evangélicos são filiados, aqueles mesmos que insistem em falar absurdos a nosso respeito no Senado, na Câmara, tentando impor seus dogmas religiosos à legislação de um país laico.Tenho experimentado o desagradável sentimento da vergonha quando acompanho algumas notícias: vergonha de ser brasileira.
Mas tenho outros motivos que me fazem sentir orgulho: orgulho de ser mulher, orgulho de ser homossexual, orgulho da minha família, que aceita e admira o meu relacionamento gay, e já que eu estava falando de futebol, orgulho de ser palmeirense.
Eu e a Lika compartilhamos esse amor pelo Palmeiras. Vez ou outra brincamos que o São Paulo tem fama de time de gays e o Palmeiras terá fama de time de sapatão por nossa culpa, pois sempre saímos por ai de mãos dadas vestindo nossas jaquetas e camisas do Palmeiras. Infelizmente nosso Verdão está numa péssima fase, jogando um futibolzin de vársea, mas pra mim ser Palmeirense é como ser lésbica, eu sei que posso sofrer com isso em algum momento, mas poucas coisas me dão mais prazer do que torcer pelo Palmeiras e ser lésbica.
Acho que o essencial é exatamente isso, seguir os caminhos que nos faça sentir bem, que nos faça sentir o sangue correndo nas veias, que faça o coração bater mais forte sem controle. Pena que algumas pessoas e instituições sintam-se bem tentando acabar com a liberdade e felicidade alheia simplesmente por não entender uma forma diferente de amar.
"Sò existem duas coisas proibidas - uma pela lei do homem, outra pela lei de Deus. Nunca force uma relação com alguém, que é considerado estupro. E nunca tenha relações com crianças, porque este é o pior dos pecados. Afora isto você é livre. Sempre existe alguém querendo exatamente a mesma coisa que você deseja." Paulo Coelho - trecho de Veronika Decide Morrer
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Safo de Lesbos - Psappha
Acho que vale a pena registrar aqui algo sobre a poetisa grega Safo da Ilha de Lesbos, que inspirou nada menos do que o nome que se dá ao amor entre mulheres:
safismo
(Safo, antropónimo, poetisa grega + -ismo)
s. m.
Homossexualidade feminina. = lesbianismo, tribadismo
lesbianismo
(lesbiano + -ismo)
s. m.
Homossexualidade feminina. = safismo, tribadismo
Das poucas poesias de Safo que lí esta abaixo é a que considero mais linda e explicita. E aproveito para dedicá-la novamente à minha mulher amada, Lídia.
A uma mulher amada
(Safo de Lesbos)
"Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo."
Curiosamente, ela assinava "Psappha", que na Língua Portuguesa, está bem próximo de "sapa" e consequentemente de "sapatão".
Aos 19 anos Safo já tinha uma vida pública devido à poesia e ao envolvimento com política, chegando a ser exilada pelo ditador Pitaco.
Consta que durante o exílio político, foi cortejada pelo poeta Alceu com os versos:
"Oh pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me impede."
E ele recebeu uma bela resposta atravessada:
"Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não permitirias que a vergonha te nublasse os olhos - dirias claramente aquilo que desejasses".
Ainda exilada, na Sicília, casou-se, teve uma filha e logo ficou viuva. Quando retornou do exílio para Lesbos tornou-se uma líder intelectual e montou uma escola para moças, chegando a envolver-se com muitas delas.
Outra relevante poesia está no trecho abaixo. Safo se apaixona loucamente por Atis, sua aluna favorita, mas Atis por sua vez apaixona-se por um homem, inspirando os seguintes versos de Safo:
"Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer
dentro do meu peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha língua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (...)
Para quem tiver mais interesse na obra de Safo, vale a pena entrar no blog Primeiros Escritos, lá tem muitos trechos traduzidos de sua poesia.
Entretenha-se.
Carina
safismo
(Safo, antropónimo, poetisa grega + -ismo)
s. m.
Homossexualidade feminina. = lesbianismo, tribadismo
lesbianismo
(lesbiano + -ismo)
s. m.
Homossexualidade feminina. = safismo, tribadismo
Das poucas poesias de Safo que lí esta abaixo é a que considero mais linda e explicita. E aproveito para dedicá-la novamente à minha mulher amada, Lídia.
A uma mulher amada
(Safo de Lesbos)
"Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo."
Curiosamente, ela assinava "Psappha", que na Língua Portuguesa, está bem próximo de "sapa" e consequentemente de "sapatão".
Aos 19 anos Safo já tinha uma vida pública devido à poesia e ao envolvimento com política, chegando a ser exilada pelo ditador Pitaco.
Consta que durante o exílio político, foi cortejada pelo poeta Alceu com os versos:
"Oh pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me impede."
E ele recebeu uma bela resposta atravessada:
"Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não permitirias que a vergonha te nublasse os olhos - dirias claramente aquilo que desejasses".
Ainda exilada, na Sicília, casou-se, teve uma filha e logo ficou viuva. Quando retornou do exílio para Lesbos tornou-se uma líder intelectual e montou uma escola para moças, chegando a envolver-se com muitas delas.
Outra relevante poesia está no trecho abaixo. Safo se apaixona loucamente por Atis, sua aluna favorita, mas Atis por sua vez apaixona-se por um homem, inspirando os seguintes versos de Safo:
"Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer
dentro do meu peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha língua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (...)
Para quem tiver mais interesse na obra de Safo, vale a pena entrar no blog Primeiros Escritos, lá tem muitos trechos traduzidos de sua poesia.
Entretenha-se.
Carina
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