quarta-feira, 14 de abril de 2010

Safo de Lesbos - Psappha

Acho que vale a pena registrar aqui algo sobre a poetisa grega Safo da Ilha de Lesbos, que inspirou nada menos do que o nome que se dá ao amor entre mulheres:

safismo
(Safo, antropónimo, poetisa grega + -ismo)
s. m.
Homossexualidade feminina. = lesbianismo, tribadismo

lesbianismo
(lesbiano + -ismo)
s. m.
Homossexualidade feminina. = safismo, tribadismo


Das poucas poesias de Safo que lí esta abaixo é a que considero mais linda e explicita. E aproveito para dedicá-la novamente à minha mulher amada, Lídia.

A uma mulher amada
(Safo de Lesbos)


"Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo."


Curiosamente, ela assinava "Psappha", que na Língua Portuguesa, está bem próximo de "sapa" e consequentemente de "sapatão".

Aos 19 anos Safo já tinha uma vida pública devido à poesia e ao envolvimento com política, chegando a ser exilada pelo ditador Pitaco.

Consta que durante o exílio político, foi cortejada pelo poeta Alceu com os versos:
"Oh pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me impede."
E ele recebeu uma bela resposta atravessada:
"Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não permitirias que a vergonha te nublasse os olhos - dirias claramente aquilo que desejasses".

Ainda exilada, na Sicília, casou-se, teve uma filha e logo ficou viuva. Quando retornou do exílio para Lesbos tornou-se uma líder intelectual e montou uma escola para moças, chegando a envolver-se com muitas delas.

Outra relevante poesia está no trecho abaixo. Safo se apaixona loucamente por Atis, sua aluna favorita, mas Atis por sua vez apaixona-se por um homem, inspirando os seguintes versos de Safo:

"Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer
dentro do meu peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha língua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (...)


Para quem tiver mais interesse na obra de Safo, vale a pena entrar no blog Primeiros Escritos, lá tem muitos trechos traduzidos de sua poesia.

Entretenha-se.

Carina

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá .Parabéns pelo blog e pela coragem de falarem do vosso AMOR .
Vamos andar por aqui .
Com carinho e amor .
luisaeadriano

De Qualquer Maneira!